quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

QUANDO A LUZ SE APAGA...

- Boa noite, querido.
-Boa noite, mamãe.
A jovem mamãe despede-se do filho, que acaba de colocar na cama, para uma boa noite de sono.
O quarto da criança iluminado fracamente pela luz do aquário “cai” na penumbra.
- Psiu...
Um grosso dicionário desperta-o e solicita: 
- Mimoseie-me com um ósculo antes dos folguedos, pois não posso locomover-me.
O trenzinho elétrico, como “em um passe de mágica”, começa a deslizar pelos trilhos que correm por todo o quarto.
Um boneco Falcon (mais armado que Rambo) pula da prateleira: - Podem brincar tranquilamente que eu faço a segurança.
Um batalhão de soldadinhos de chumbo, com antigos fuzis e baionetas, saiu da caixa de madeira onde ficava guardado, e marchando, deslocava-se em direção a porta, quando Falcon com enorme metralhadora na mão, cortou-lhe o caminho.- Eu já disse que a segurança é minha responsabilidade!
Um palhaço de pano com enchimento de espuma pulou da cadeira onde estava “adormecido”: 
- Calma “a noite é uma criança”, e todos poderão fazer a segurança do recinto e dos presen-te-tes.
O xilofone começou a tocar sozinho. “Uma baqueta invisível percutia as chapas de aço, que tangiam e tocavam;” Era uma casa muito engraçada, não tinha porta, não tinha nada”...
Um Móbile do Sistema Solar, armado sobre sua cama começou a girar. Todos os planetas, inclusive o “rebaixado” Plutão, giravam em torno do Sol, que iluminou e aqueceu todo o quarto  insuportavelmente.
A criança pensou em um Sol poente, e imediatamente o Sol avermelhou-se e baixou para perto do horizonte. Eram 17 hs.Com o pensamento viramos Deus. Uma luz misteriosa iluminou pequeno Presépio de barro, que estava na prateleira do armário, e o Xilofone começou a tocar Noite Feliz. Que estranho, ainda estamos em Abril!
 Um porquinho mealheiro, tilintando as moedas do seu interior, veio pra perto do presépio. Todos os personagens do quarto de brinquedos, inclusive o cachorrinho e a vaquinha de pelúcia, vieram acomodar-se em volta do Presépio. Os peixinhos do aquário nadaram para o lado voltado para a manjedoura e até o valente Falcon e os soldadinhos de chumbo, largaram as armas, para respeitosa e silenciosamente velarem o sono da criança que acabara de nascer.  A mãe da criança, que pensara ouvir a música do Xilofone abriu a porta do quarto do menino repentinamente. 
Tudo estava em paz, e a criança dormia profundamente, “sonhando com os anjos”.


Sávio Drummond

Um comentário:

  1. ...a imaginação ilumina a penumbra!
    Parabéns, Sávio. Sou mãe, já não ouvimos mais o xilofone, mas lembramos como é lindo e sabemos q nossos filhos ainda podem ouví-lo, isso nos faz feliz! Lembrei do guizo do Expresso Polar!

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