quarta-feira, 31 de outubro de 2012

AS SETE FACES DE TÂNATOS


Todo indivíduo ao receber a notícia de que é portador de uma doença incurável e terminal, costuma passar por 7 fases, algumas “bem marcadas”, outras rápidas e ligeiras, só identificadas por especialistas.
Na antiguidade o Deus grego da morte, chamava-se Thânatus, Tânatos em português, e é ele que “preside” as fases pelas quais todos nós passaremos.
Filho de Crises e Érbero, irmão gêmeo de Hipnos, o Deus do sono.
Certamente por isso Machado de Assis, intuiu: “O sono é a morte interina”.
Thânatus era representado por um jovem alado, com os cabelos e olhos prateados, daí falarmos em “O anjo da morte”.
Todos nós sabemos que vamos morrer, mas quando estamos de ante desta situação a “coisa muda de figura”.
A  1ª fase á de Negação. O diagnóstico está errado, e começa as consultas a especialistas, com repetições de exames, na esperança de que um deles comprove o erro de diagnóstico.
Uma vez comprovada à doença fatal, começa a fase da Revolta.
Nesta 2ª fase, o indivíduo volta-se contra Deus. Como Ele foi permitir acontecer isto?
A 3ª fase caracteriza-se pela Luta. O paciente reage, usa todos os recursos que tem, “cumpre à risca” o tratamento, em busca da desejada cura.
Na  4ª fase o indivíduo torna-se religioso, e tenta negociar com Deus a cura.
É fase da Barganha. Hora das promessas, sabiamente exploradas por religiosos inescrupulosos. Vale tudo para a cura: Óbolos, Doações, Trabalhos, Despachos, Dízimos, etc...Se por ventura a Quimio ou Radioterapia funcionarem curando o doente, não foi o tratamento, mas sim Deus que curou!
É obvio que foi Deus, mas através dos progressos da ciência (faça a tua parte).
As melhoras ocasionais, decorrentes do tratamento são encaradas, como de uma doença não tão grave.
É a 5ª fase ou a fase da Minimização, onde a doença é encarada como “menor”, passível de cura.
Com a ineficiência dos tratamentos, vem a fase de Aceitação. É a 6ª fase, a dos vícios em drogas para dor, alcoolismo ou a dos suicídios, se o sofrimento físico for grande e o “apoio” espiritual (fé religiosa) pequena. esta fase, o doente ingressa em uma zona da paz. É a 7ª, e última fase, a fase da Disponibilidade.
Nela o doente torna-se disponível, para que Tânatos o venha buscar...
                                                                                                                                            
Salvador, 02 de Agosto de 2012
Sávio Drummond.

VÁ COM DEUS!


Tive um colega no Salesiano, que foi o indivíduo “mais perturbado” que conheci.
Pegou a pólvora de várias bombas e fez uma bola, do tamanho de uma bola de tênis.
No seu interior colocou várias “pedras de fogo”, tudo comprimido. Papel grosso e cordão asseguravam a forma do explosivo artefato.
Certa tarde estava estudando com ele, quando de repente fez sinal para me calar e levantou a cabeça. Tinha escutado algo. . .De repente apanhou a bomba e saiu correndo para o jardim.
Pelo meio da rua vinha um cortejo de enterro. Quando o féretro ia passando frente ao seu jardim, atirou a bomba com força, que ao atingir o chão explodiu.
Foi um verdadeiro atentado terrorista. 
Sai correndo atrás dele, que pela porta dos fundos alcançou a rua de trás.
Não fiquei para saber qual a desculpa que seu pai arranjou.Muito tempo depois fui a um enterro. Quando depositaram o finado na carneira, sua viúva retirou os óculos escuros e anotou o número do jazigo, enquanto dizia: Obrigado querido, vá com Deus!
Quando perguntei por que assim procedia, sorrindo me respondeu:
 - O senhor viu que belo número o falecido me indicou? Vou jogar no bicho!
Certo dia transportava um politraumatizado para o Pronto Socorro, quando a ambulância ficou retida, em um engarrafamento provocado por um cortejo fúnebre.É interessante notar, como os pobres, conseguem na morte a “importância” que não tiveram quando vivos.Vão pelo meio da rua engarrafando tudo, forçando com que os transeuntes e o tráfego tomem parte do cortejo. O motorista ligou a sirene e eles permitiram apenas a passagem da ambulância, impedindo com que os outros motoristas que nos acompanharam, tentando furar o bloqueio, também passassem.Enquanto a ambulância atravessa a multidão, querendo retribuir a gentileza, gritei bem alto:
- Muito obrigado a todos, um feliz enterro pra vocês!

Salvador, 03 de Outubro de 2012.
Sávio Drummond.

O SURFISTÃO


Em seu 10º aniversário, dei uma prancha de Body Board para minha filha, mas quem acabou usando mesmo fui eu.
Em um belo “domingão” de Sol, resolvi aprender a deslizar sobre as ondas.
Não tinha a menor ideia por onde começar, então me dirigi ao local onde os surfistas estavam reunidos, esperando as ondas. Imagine a cena. Eu com este físico atlético, de sunga e com os óculos presos com um elástico, pois graças a forte miopia, não poderia ficar sem eles.
Logo ao chegar um deles gritou para o grupo:
- Tem traíra no pedaço...
Obviamente que era comigo, mas fazendo-me de desentendido, comecei a imitá-los.
As ondas vêm em grupos, e a 1ª nunca é a melhor.
Para evitar que ela lhe leve, você deve remar (nadar) contra ela, furando-a (mergulhando o bico da prancha), no momento exato.
A primeira onda que peguei, ficou gravada em minha mente, como dizia a propaganda: “ O primeiro sutiã a gente nunca esquece”... Bom disso não posso falar, mas da onda sim!
Uma grande onda formou um “um tubo”, e acompanhando a garotada fui atrás.
A sensação é maravilhosa, parece que você entrou em um túnel de vidro, e quando dele saí, “quebrei” imediatamente, pois atrás de você ela se quebra em uma “explosão” de chuva salgada.
O primeiro registro do surf refere-se aos nativos do Havaí que em cima de enormes pranchas de madeira, deslizavam sobre as águas, e elas não tinham quilha!
Como elas, as pranchas de Body Board também não tem quilhas e as manobras tornam-se mais difíceis que no surf.
O equilíbrio para manter-se em pé  em cima da prancha, no surf, é que o torna dificílimo!
Empolgado com meu progresso peguei a maior onda de minha vida, e para surpresa minha ela “encaixotou”, ou seja, terminou de repente e despenquei de mais ou menos 5 metros.
O choque com a água foi terrível!
Recordo-me de ter protegido a cabeça com os braços, largando a prancha (no Body Board a prancha é presa ao pulso pelo “elastique”, no Surf no tornozelo) e esperei a pancada.
Para minha sorte, meus pés bateram em areia, e dando impulso com todas as forças atingi a superfície.
Meus novos amigos (os surfistas) estavam todos preocupados esperando meu retorno, e quando aflorei, um deles gritou:
- Uma onda dessa não se pega não, tio!
E foram buscar a prancha que o mar levou pra praia, pois o elastique tinha arrebentado.
Então me “adotaram” definitivamente.
Mas o pior “ mico” foi quando em um fim de tarde, uma grande onda que eu “furei”, levou meu calção.
Tive que pedir a um dos surfistas que fosse até minha casa (moro há 500 metros da praia), pegar outro.
Aí então, encerrei minha carreira de surfistão!

                                                                                  Salvador, 23 de Setembro de 2012.
Sávio Drummond.