A jovem com vestido de baile branco, desceu as escadarias do
Hotel da Bahia, glamorosamente como uma atriz de Hollywood. Dezenas de “flashes” espocaram de grandes máquinas fotográficas. Algumas, o fotógrafo tinha que rapidamente trocar a lâmpada, pois era uma
foto, uma lâmpada.
Era um baile de Debutantes e a 1ª valsa era dançada com o
pai, “metido” em impecável Smoking, até que um audacioso adolescente, corado de
vergonha e rosto cheio de espinhas, a tirava dos braços do pai para dar
continuidade a valsa. Era
o candidato a ser seu 1º namorado. Na verdade já vinham namorando escondido
há muito tempo!
No outro dia, o Jornal da Bahia, o Diário de Notícias e A Tarde
publicariam as fotos em preto e branco, ansiosamente aguardadas pelos
familiares e pela sociedade baiana.
Sílvio
Lamenha registraria em sua coluna Social; ”Ontem foram apresentadas à Sociedade
Baiana as Debutantes fulana, fulana, fulana..... que usava um vestido em seda
branca, todo trabalhado em lantejoulas, obra do estilista Chiquinho Ramos.O
evento foi abrilhantado pela orquestra do Maestro Carlos Lacerda, orgulho das
plagas nativas. No mais, poesia é o
axial”!Depois da valsa, todos “caíam” no Rock and Roll dos Beatles, Elvis
Presley e a “Turma da Jovem Guarda”.
As
festas populares eram realmente populares.
A
procissão de Nosso Senhor dos Navegantes, em 1º de Janeiro, para muitos era a
oportunidade de levar presentes a Iemanjá, rainha das águas.
A
Lavagem do Bonfim, na 1º Quinta-Feira do ano, cujo cortejo com os burros
enfeitados saiam da Igreja da Conceição para ir lavar as escadarias da igreja
com Água de Cheiro, as baianas vestidas à caráter, lavar a cabeça dos
devotos, lavando-os também dos pecados.
É o sincretismo religioso, onde Senhor do Bonfim, vira Oxalá, Nossa Senhora
das Candeias, Oxum, Nossa Senhora da Conceição, Iemanjá, Santa Barbara, Iansã e
São Jorge, o guerreiro Oxossi.
A festa
passou a ser explorada por políticos, barraqueiros e donos de Trios Elétricos.
Mas a pior deterioração foi feita com o carnaval baiano, maior festa de
participação popular do mundo.
Uma festa do povo, com seus blocos e abadás, que desfilavam pela Avenida
Sete, onde apenas uma corda presa nos postes separava o “povo “ que o assistia
dos passeios, e cujos moradores da área do desfile colocavam cadeiras no
passeio para assistirem ao desfile, e lá “dormiam” pois nenhuma era
roubada.
Com
o crescimento da cidade, o carnaval foi dividido em Circuitos, geralmente
defronte dos grandes hotéis da orla.O carnaval que era realizado no centro tornou-se o circuito menos
importante.
Esse carnaval industrializado,
só dá lucro aos donos de trios Elétricos, e algumas bandas da chamada Axé Music.
O
gasto com as lesões físicas, internamentos, cirurgias e mortes dos valentões
que embriagados brigam e se matam durante a festa, acidentes de transito com
motoristas alcoolizados, quadrilhas de marginais assaltando os foliões,
principalmente os turistas, as D.S.T.s e
gravidezes indesejáveis, que faz do Brasil o campeão mundial de abortos, dá
mais prejuízo que lucro ao governo.
Como
disse John Lennon: “O sonho acabou”!
Salvador, 10 de Novembro de 2012.
Sávio Drummond.
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