O
alcoólatra sempre teve sua imagem associada à fraqueza.
Incapaz de controlar seu vício, o alcoólatra normalmente sucumbe à
chamada Síndrome de Abstinência, quando tenta parar de beber.
Abstinência é definida como a
renúncia voluntária ou não, à satisfação de um desejo ou necessidade, e quando
a abstinência é de uma substância química, a sua supressão aguda acarreta um
conjunto de alterações físicas e mentais, no dependente químico ou viciado,
chamado de Síndrome de Abstinência.
Tive
oportunidade de ver alguns casos.
Em uma formatura de Direito, um senhor, que trazia na face os estigmas
do alcoólatra, afastou-se e procurou ficar fora do ambiente repleto.
Chamava à atenção a sudorese, sempre presente nesses casos. Fui
até ele, identifiquei-me e procurei auxiliá-lo. Estava
ofegante, com sudorese abundante e tremores.
Pra
quem já passou por situação semelhante, ou teve familiares dependentes
químicos, sabe como é cruel depender de qualquer substância.
É praticamente
impossível largar o vício sem ajuda. Às vezes é necessária a internação
hospitalar.
Mas a
pior Síndrome de Abstinência é vista nos recém nascidos, filho de mulheres que
usaram drogas ou bebidas alcoólicas, regularmente, na gravidez.
A substância passa pelo cordão umbilical, durante a vida intra-uterina
para a criança, e ao nascer, por não contar mais com a substância, que “já faz
parte” da composição do seu sangue, o recém nato, geralmente de baixo peso,
desenvolve a síndrome, que consiste em irritabilidade, hipertonia muscular,
choro insistente e até convulsões.
Os
trabalhos da Neurofarmacologista Jandira Mansur mostram que o alcoólatra é
vítima do seu próprio cérebro e de fraco não tem nada. Na ligação entre os
neurônios, chamada Sinapse, substâncias químicas denominadas Neurotransmissores
(Acetilcolina, Dopamina, Adrenalina, Noradrenalina, Serotonina, etc...) são
liberadas e, responsáveis pela transmissão do impulso elétrico entre as células
do cérebro.A sensação de fome, sede, cansaço, paixão, excitação sexual, medo, etc, são por elas reguladas.
Até
mesmo o amor, foi reduzido à simples transmissão elétrica...
No cérebro do
alcoólatra, essas substâncias existem em proporções diferentes da população
tida como normal.Dez por cento da humanidade tem “cérebros
propensos” à dependência química. Os
outros são na verdade “equilibristas”, que andam sobre a “corda bamba “da
normalidade.
E o que é normal ou
não? Certo ou errado? O que é certo para uns é errado para outros.
Nas
sociedades islâmicas o certo é ter quatro esposas. Na nossa seria poligamia.
O trabalho feminino em determinadas culturas é proibido, e considerado infidelidade,
pois a esposa só pode trabalhar em casa e para o esposo.
Em
determinadas culturas islâmicas as mulheres cobrem-se da “cabeça aos pés”, pois
só os maridos podem lhes ver o corpo. Os
cabelos são considerados “instrumentos de sedução” e as islâmicas sempre os
escondem com véus.
O
que é bom para determinada pessoa em certo momento de sua vida, é para essa
mesma pessoa, prejudicial em momento diferente.
Engatinhar
foi necessário ao homem. Graças a ele a lordose lombar e cervical, (curvaturas
da coluna) foram formadas, e o andar foi atingido em fase posterior. Para um adulto,
engatinhar além de ridículo causará artroses diversas e hérnias de disco.
Não
seriam, os ditos normais, também dependentes?
Não dependem muitos deles, do dinheiro, sucesso, trabalho, sexo, fama,
poder?
Por
isso, quando vires um bêbado, não o tenha “na conta” de um vagabundo e fraco.
Ele é vitima do seu próprio cérebro e do nosso
preconceito. Quanto a você... Não vá cair da corda!
Salvador, 12 de Julho de 2012
Sávio
Drummond.
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