Se não me falha a memória (na minha idade tudo falha),
foi uma expressão criada pelo saudoso comentarista esportivo João Saldanha.
Termos como Geraldinos (Torcedores da Geral), Arquibaldos (Torcedores da
Arquibancada), Testemunhas para um jogo com poucos espectadores (o jogo não tem
expectadores, tem testemunhas), também foram criados por ele.Feras do
Saldanha e outras “pérolas” também foram criações suas.
Em plena Ditadura Militar, quando perguntado se escalaria Dario (do
Atlético Mineiro), como gostaria o Presidente General Médici, respondeu:
-“Eu não escalo o Ministério dele, portanto não aceito que ele escale
meu time”.
Foi demitido
e colocaram Zagalo, que convocou Dario imediatamente.
O
Futebol com seus resultados frequentemente inesperados, a tão
antiga e usada “caixinha de surpresa” (O que será isso? Você já conheceu
alguma?), é uma verdadeira fábrica de superstições, o que levou o próprio João
Saldanha a dizer; “ Se mandinga valesse, campeonato baiano terminaria
empatado”! O
“Imponderável da Silva” acompanha-me desde cedo.
Aos
12 anos estava deitado procurando dormir, quando “alguém” sentou-se às minhas
costas. O barulho das molas do colchão, o peso de quem se sentou fez o meu
corpo inclinar-se para seu lado. Devia
ser meu irmão que gostava de me dar sustos. Virei-me rapidamente por baixo do
corpo, para surpreendê-lo e lhe dar o susto que achava que ele queria me
pregar.Para
surpresa minha não tinha ninguém!
Aos 14
anos, fiz com um cano de ferro uma “garrucha”. Amassei uma das extremidades e
curvei-a como o cabo de uma arma. Coloquei pólvora de 5 bombas médias,de São
João, e fiz o que não deveria ter feito: Soquei-a.
Coloquei
a “cabeça” de um fósforo em um orifício que fiz com uma furadeira e risquei-o,
apontando para a parede do prédio vizinho.Inexplicavelmente a chama tremulou e apagou como se alguém soprasse, embora não
sentisse vento algum.Tão confiante
estava, que repeti o procedimento.Alguém então gritou em meu ouvido:- Corra!
Coloquei
a “garrucha” sobre o peitoril e movido por um “terror” que de mim se apoderou,
fugi, pulando a cama de meu irmão, e quando pulava a minha o artefato
detonou.
Um
pedaço ficou sobre a janela, outro arrancou um pedaço do reboco do teto, outro
da parede vizinha e outro me acertou as costas enquanto fugia.Tenho a cicatriz até
hoje.
Meu
“anjo da guarda” poupou-me a mão.Quando
tinha dez anos de formado, silenciosamente orgulhava-me de nunca ter “perdido”
um doente com Edema Agudo de Pulmão.Em
doze anos, dez de formado, mais dois de atendimento em Postos de Emergências
como interno e nenhum doente dessa fatal situação morrera em “minhas mãos”.
Até
o dia que contei a um colega sobre o fato.Nesta semana dois doentes que atendi, morreram de Edema Agudo.
Foi como se Deus me
dissesse: “Não morreu porque eu não quis! Mais humildade filho, mais
humildade”!
Salvador, 09 de Novembro de
2012.
Sávio Drummond.
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