quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O PUXA SACO

 No município de São Francisco do Conde, existe uma localidade chamada Campinas. O prefeito de um dos mais ricos municípios do Brasil, graças aos “Royalties” pagos pela Petrobras, foi inaugurar a Escola Pública de Campinas, para um povo miserável. Haja ladrão!
Um palanque foi armado no centro da cidade. E debaixo de um sol nordestino, inúmeras sombrinhas e guarda-chuvas foram abertos. Um cheiro de sabão de côco e água de colônia, misturava-se a um nauseante “bundum” de suor que rapidamente tomou conta do ambiente.
Seu Cícero (Cicinho para os amigos e as nêgas que mantinha), que tinha aspirações políticas (queria ser  vereador), e para isso fazia inúmeras promessas para “quando fosse eleito”, começou seu discurso:
- Povo de minha Campinas querida, com muita honra apresento o prefeito de nossa amada São Francisco, o maior administrador que nossa cidade já teve. O Dr. Cajado (o prefeito só tinha o primário) até no nome apóia os mais necessitados. Nossa amada cidade muito deve a esse homem. Por ela ele dá até o... que tem e o que não tem. Foi ele que iluminou-la, calçou-la, aguou-la, aterrou-la e esgotou-la. Sem ele todos nós estaríamos andando as cegas, e pisando na água ou pior, na merda. Para esse homem, para nosso pai, peço uma salva de palmas.  Muita vaia e uma ou outra palma.
O prefeito, começou seu discurso, frequentemente interrompido, pelas solitárias palmas de seu Cícero, e envergonhado pelas vaias do povo rapidamente o encerrou. 
Seu Cícero continuou:
- Gente ingrata que “cospe no prato em que comeu”...   
- Cala a boca puxa-saco, gritaram da multidão que começou a se formar. 
 Seu Cícero esquecendo que estava com o microfone, retrucou: 
- Puxa saco é a puta que te pariu! 
A professorinha querendo encobrir os xingamentos entre Seu Cícero e a multidão, faz sinal para a bandinha 25 de Junho, (data da emancipação de São Francisco), que atacou com “Pra Frente Brasil”, e outras emboloradas “pérolas”. 
A um sinal da “pró” a criançada começou a cantar, “perseguida” pela bandinha:
 - “Muito obrigado Seu Cajado, obrigado Cajadinho, que Deus lhe pague em graças, o que você nos deu de carinho... Que Deus lhe cubra com a Mão, por toda sua atenção”...  
A desafinação era enorme. Não tiveram tempo para ensaiar, e “cada um pro seu lado”.
A esposa de Seu Cajado, a mulata Jurema de enorme bunda e peitos fartos, emocionou-se com as crianças e começou a chorar.
 -“Passe lá em casa que eu lhe consolo” gostosa”, gritaram da multidão.
Um grupo vindo da localidade de Caroba, vilarejo vizinho tal qual Campinas, aproveitou a ocasião para protestar contra o Prefeito. A um ano, Seu Cajado inaugurara, em Caroba, uma escola que nunca funcionou, porque não contratou professores.
Com faixas de protesto a multidão começou a vaiar e jogar frutas podres, em quem estava no palanque, no caso Seu Cajado e Seu Cícero, pois todos os outros debandaram.
- Vocês são um “Rebanho de Ingratos”, começou a gritar Seu Cícero, e nem o grupo pago para aplaudi-lo, conseguia com os enormes tambores chamados de “Tapa Vaia”encobrir o barulho da revolta popular, quando um tomate podre acertou-o na testa.
 -“Vá jogar na mãe, filho de uma quenga”!
Um ovo podre, acompanhou o tomate e um cheiro horrível (gás sulfídrico)de peido, obrigou Seu Cícero a “bater em retirada”. 
Protegidos por quatro “enormes” seguranças, chegaram até o carro, que partiu em disparada, sob uma chuva de tomates e ovos podres. 
No ano seguinte, “Cicinho” foi eleito vereador, para delícia sua e das “teúdas e manteúdas”.


Salvador, 22 de Junho de 2011
Sávio Drummond 

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