domingo, 16 de outubro de 2011

CANÇÕES INFANTIS


A maioria das canções infantis são muito bonitas, mais algumas, infelizmente as mais famosas, tem letras terríveis. 
Aquela que diz:
Se esta rua fosse minha, 
eu mandava ladrilhar
 com pedrinhas de brilhantes, 
para o meu amor passar

A beleza do romantismo é inegável, mais já pensou quanto custaria esta rua? Pavimentada com brilhantes? Depois o garoto cresce, se transforma em um perdulário, gasta o dinheiro todo e vira um morador de rua, “cai” no álcool e no crack e ninguém sabe por que. A causa está na infância, Freud que o diga. 

 O cravo brigou com a rosa
 debaixo de uma sacada.
 O cravo saiu ferido,
a rosa despedaçada. 

É a descrição de uma barbárie de causar inveja ao Jack Estripador. Membros arrancados em uma canção de criança...   
Atirei o pau no gato-tô,
Mas o gato-tô, não morreu-reu-reu. 
Dona Chica-cá admirou-se-se,
 dberro, do berro que o gato deu... 
É ou não é um estímulo a violência? A criança quis matar o gato a pauladas, e esta tal de D. Chica ainda ficou admirada do grito de dor que o bichano deu.

          Cai- cai balão, cai- cai balão, cai aqui na minha mão... 
                                                                                      
 É um estimulo aos baloeiros, causadores das maiores queimadas nas matas, e incêndios nas casas e terror das fabricas e da indústria petroquímica.
Samba Lê-lê está doente, 
Está com a cabeça quebrada, 
Samba Lê-lê precisava, 
De umas dezoito lambadas. 
Nem Fernandinho Beira-Mar se lembraria de dar 18 chicotadas (lambadas) em um indivíduo com a cabeça quebrada. 
      A canoa virou, por deixá-la virar, 
Foi por causa de Maria que não soube remar.
Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar,
Eu tirava a Maria do fundo do mar. 

Como crianças fazem roda e cantam a morte da Maria? A coitada morreu afogada só por que não sabia remar? E as canções de ninar? São arrepiantes: 
Boi, boi, boi. Boi da cara preta, 
Pega este menino,
que tem medo de careta... 
Como o garoto vai dormir se o boi da cara preta vem pegá-lo? 
                                                                                                                                                                                                                                                                         Dorme neném, que a cuca vem pegar, 
Papai está na roça, 
mamãe foi trabalhar...
  
Depois a criança cresce cheia de fobias, medo da cuca, do escuro, e acaba no analista. E ainda por cima é preconceituosa. Por que apenas mamãe foi trabalhar? O trabalho de papai na roça, não é trabalho?
Tutu Marambá não venha mais cá.
Que o pai do menino, te manda matar. 
Coitado do Tutu Marambá (o que será isso?), o pai do menino vai contratar um pistoleiro de aluguel pra dar cabo dele! Como dormir com histórias de assassinatos e emboscadas? 
Vem gato preto de cima do telhado, 
Comer esta criança, 
que não quer dormir calado... 
Como dormir sob a ameaça do gato preto descer do telhado “pra” vir devorar a criança viva...
E depois chamam isso de canção de ninar? Prefiro um rock “pauleira”.   
                                                                                                                                           



                                                                               Salvador, 19 de Setembro de 2011

Sávio Drummond.

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