quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sem Destino

Há muitos anos, durante umas férias, saí com um colega com mochila nas costas, pedindo carona. O objetivo era irmos onde o destino nos levasse e o dinheiro desse.
Almoçávamos em restaurantes de “beira de estrada”, onde conhecíamos muitos caminhoneiros, e após mostrarmos os documentos, conseguíamos carona com facilidade.
Naquele tempo a violência não era tão grande, e o fato de sermos universitários, deve ter ajudado muito.
Quis a sorte que fossemos levado para o sul. Graças a Deus, pois era verão e o calor estava “de matar”. 
Os restaurantes de “beira de estradas” são excelentes. Tirando os “morotós “que crescem no molho de tomate, e as pernas de baratas, ocasionalmente encontradas no P.F.( Prato Feito), o resto é maravilhoso.  São tão gostosos quanto o tamanho de sua fome. Nesses restaurantes é muito comum o ovo cozido colorido. Anilinas de cores variadas são colocadas na água em que se ferve o ovo, e o “danado” quando cozido fica com a cor do pigmento. Ovos vermelhos, amarelos, azuis, uma delicia!  Só não aconselho o ovo verde, nem o roxo, pois parece que estão em decomposição, e nem o pastel de carne, apelidado de “Jesus ta Chamando”. Este, seguramente está, e o pirirí é garantido! Quantas vezes dormimos, no saco de dormir, olhando as estrelas.
Aos 14 anos, meu pai me deu um Telescópio, e por não ter janelas de vizinhas que morassem por perto, onde ele pudesse “pousar”, acabei apontando-o para as estrelas. E assim acabei conhecendo um pouco sobre astronomia.
O sono “me pegava” vendo o Cinturão de Órion (As três Marias), a nebulosa de Órion, restos de uma estrela que explodiu (Super-Nova), as Plêiades (Cacho) na constelação de Touro, Siriús, a estrela mais brilhante do firmamento, Alfa Centauro a estrela mais perto de nós, depois do Sol.
Ocasionalmente uma “estrela cadente” riscava o céu.
A crendice popular diz que se deve fazer um pedido toda vez que você ver uma, e que não se deve apontar para as estrelas, pois nasce verruga na ponta do dedo ”indiscreto”!
Certa feita, qual o filósofo alemão Franz Kafka, que escreveu A Metamorfose, em que um indivíduo num sonho se vê transformado em asquerosa barata, tive um sonho. De carona, chegava a uma cidadezinha, que pelo sotaque dos seus habitantes era no Rio Grande do Sul. Chamava-se São José e seus habitantes eram imensamente felizes e sorridentes. Na cidade vizinha, São João, ao contrário, todos eram muito tristes e “carrancudos”.Em São José as flores cresciam em qualquer lugar, e tudo era florido e verdejante.Em São João chovia todo dia e até raios caiam. No verão, o calor e a seca meteriam inveja a qualquer cidade nordestina do alto sertão.Ou era enchente ou a seca não deixava que nascesse uma flor sequer, ou matava as que nasceram no temporal passado.
Essa diferença devia-se ao ânimo de seus habitantes.Em São José todos eram otimistas e a alegria “estava no ar”.
Em são João todos eram pessimistas. Só viam os defeitos e a “feiúra” das coisas e das pessoas. Resultado; Os habitantes de São José viviam quase o dobro dos habitantes de São João.
Conversei com um psiquiatra amigo meu, contei sobre o sonho, e ele resolveu fazer um teste, sobre a influência do ânimo das pessoas.
Dr. Ribeirinho, aproveitando as férias de um colega que atendia em consultório defronte ao seu, pegou três plantas e colocou no seu consultório, e nele passou a atender pacientes em Mania.
Mania é a fase da antiga psicose Maníaco Depressiva, hoje chamado Distúrbio Bipolar, em que o doente apresenta-se otimista, fala rápido, quase não dorme e come. Nessa fase é comum o paciente perder peso. Na fase de Depressão, o doente dorme muito, quase não sai da cama, chora fácil, busca compensação na comida e aumenta de peso.
No seu consultório, onde atendia os doentes em mania pegou três mudas de planta, todas plantadas na mesma época, passou a irrigá-las com a mesma quantidade de água e colocar ao Sol durante o mesmo tempo.
No consultório do colega, passou a atender apenas aos pacientes em Depressão.
Nele colocou também três plantas que recebiam água e luz, igual às plantas do “consultório da Mania”
Assegurava-se assim, Dr. Ribeirinho, que a única variável a influenciar no viço das plantas era o ânimo dos doentes.Fim das férias do colega e as diferenças eram “gritantes”. As plantas colocadas no “consultório da Mania” estavam enormes. Coloridas, irradiavam agradável perfume.
As plantas do “consultório da Depressão” murcharam, algumas secaram e morreram. Por isso, seja otimista. A sua atitude mental, pode influenciar profundamente a sua vida. Seja otimista e viva mais!                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         
                                                                                                   Salvador, 21 de Fevereiro de 2012.
 Sávio Drummond.

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