quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O SURFISTÃO


Em seu 10º aniversário, dei uma prancha de Body Board para minha filha, mas quem acabou usando mesmo fui eu.
Em um belo “domingão” de Sol, resolvi aprender a deslizar sobre as ondas.
Não tinha a menor ideia por onde começar, então me dirigi ao local onde os surfistas estavam reunidos, esperando as ondas. Imagine a cena. Eu com este físico atlético, de sunga e com os óculos presos com um elástico, pois graças a forte miopia, não poderia ficar sem eles.
Logo ao chegar um deles gritou para o grupo:
- Tem traíra no pedaço...
Obviamente que era comigo, mas fazendo-me de desentendido, comecei a imitá-los.
As ondas vêm em grupos, e a 1ª nunca é a melhor.
Para evitar que ela lhe leve, você deve remar (nadar) contra ela, furando-a (mergulhando o bico da prancha), no momento exato.
A primeira onda que peguei, ficou gravada em minha mente, como dizia a propaganda: “ O primeiro sutiã a gente nunca esquece”... Bom disso não posso falar, mas da onda sim!
Uma grande onda formou um “um tubo”, e acompanhando a garotada fui atrás.
A sensação é maravilhosa, parece que você entrou em um túnel de vidro, e quando dele saí, “quebrei” imediatamente, pois atrás de você ela se quebra em uma “explosão” de chuva salgada.
O primeiro registro do surf refere-se aos nativos do Havaí que em cima de enormes pranchas de madeira, deslizavam sobre as águas, e elas não tinham quilha!
Como elas, as pranchas de Body Board também não tem quilhas e as manobras tornam-se mais difíceis que no surf.
O equilíbrio para manter-se em pé  em cima da prancha, no surf, é que o torna dificílimo!
Empolgado com meu progresso peguei a maior onda de minha vida, e para surpresa minha ela “encaixotou”, ou seja, terminou de repente e despenquei de mais ou menos 5 metros.
O choque com a água foi terrível!
Recordo-me de ter protegido a cabeça com os braços, largando a prancha (no Body Board a prancha é presa ao pulso pelo “elastique”, no Surf no tornozelo) e esperei a pancada.
Para minha sorte, meus pés bateram em areia, e dando impulso com todas as forças atingi a superfície.
Meus novos amigos (os surfistas) estavam todos preocupados esperando meu retorno, e quando aflorei, um deles gritou:
- Uma onda dessa não se pega não, tio!
E foram buscar a prancha que o mar levou pra praia, pois o elastique tinha arrebentado.
Então me “adotaram” definitivamente.
Mas o pior “ mico” foi quando em um fim de tarde, uma grande onda que eu “furei”, levou meu calção.
Tive que pedir a um dos surfistas que fosse até minha casa (moro há 500 metros da praia), pegar outro.
Aí então, encerrei minha carreira de surfistão!

                                                                                  Salvador, 23 de Setembro de 2012.
Sávio Drummond.

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