Tive um colega no Salesiano, que foi o indivíduo “mais perturbado”
que conheci.
Pegou a pólvora de várias bombas e fez uma bola, do tamanho de uma bola
de tênis.
No seu interior colocou várias “pedras de fogo”, tudo comprimido. Papel
grosso e cordão asseguravam a forma do explosivo artefato.
Certa tarde
estava estudando com ele, quando de repente fez sinal para me calar e levantou
a cabeça. Tinha escutado algo. . .De repente
apanhou a bomba e saiu correndo para o jardim.
Pelo
meio da rua vinha um cortejo de enterro. Quando o féretro ia passando frente ao
seu jardim, atirou a bomba com força, que ao atingir o chão explodiu.
Foi
um verdadeiro atentado terrorista.
Sai
correndo atrás dele, que pela porta dos fundos alcançou a rua de trás.
Não
fiquei para saber qual a desculpa que seu pai arranjou.Muito tempo depois fui a um enterro. Quando depositaram o finado na
carneira, sua viúva retirou os óculos escuros e anotou o número do jazigo,
enquanto dizia: Obrigado querido, vá com Deus!
Quando perguntei por que assim procedia, sorrindo me respondeu:
- O senhor viu que belo número o falecido me indicou? Vou jogar no
bicho!
Certo
dia transportava um politraumatizado para o Pronto Socorro, quando a
ambulância ficou retida, em um engarrafamento provocado por um cortejo
fúnebre.É
interessante notar, como os pobres, conseguem na morte a “importância” que não tiveram
quando vivos.Vão pelo meio da rua
engarrafando tudo, forçando com que os transeuntes e o tráfego tomem parte do cortejo. O motorista ligou a sirene e eles permitiram apenas a passagem da
ambulância, impedindo com que os outros motoristas que nos acompanharam,
tentando furar o bloqueio, também passassem.Enquanto
a ambulância atravessa a multidão, querendo retribuir a gentileza, gritei bem
alto:
- Muito obrigado a
todos, um feliz enterro pra vocês!
Salvador, 03 de Outubro de 2012.
Sávio Drummond.
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