No 1º Científico tive
uma colega chamada Zenaide.
Era
a mais bonita e melhor aluna de Matemática da classe.
Assim
como quase todos nós, tinha 15 anos, mas “pensava” como um adulto responsável. “De cabeça” Zenaide parecia
ser avó.
Filha
de uma viúva, ajudava a mãe como costureira na manutenção da casa.
De pele muito clara, olhos e longos cabelos castanhos, sempre parecia
que tinha acabado de “sair do banho”.
Muito
equilibrada, frequentemente recorríamos a ela para que resolvesse “pendengas”
entre nós, ajudava a todos e logo se tornou líder da turma, tal as suas sábias
decisões. Liderança
conquistada com afeto, e posta à prova por diversas vezes.
Uma foto em preto e branco me mostra parte da turma: D. Irene (bedel), Professor Barretão, que ensinava História Geral e
sempre chorava quando falava da 2º Guerra Mundial, pois seu filho, aviador da F.
E. B. (Força Expedicionária Brasileira) morreu em combate na Itália, Professor
Vilobaldo de Física, com sua impecável gravata borboleta e cigarrilha nos dedos,
Professora Maria Amélia, de Química, Professor Egídio, de matemática e alguns
colegas como Givaldo, Leitão e Roberto, que juntamente comigo participaram da Feira de Ciências, construindo um foguete, Carminha, filha de abastados emigrantes
espanhóis, que namorava o baterista do conjunto Raul Seixas e Seus Panteras, outros
que não me lembro o nome e ela. Como em um time de
futebol, ela estava em pé e no centro, como se fosse o Capitão. Só faltava a Taça de Campeão do Mundo, erguida
por Bellini, Capitão da Seleção Brasileira, Campeã Mundial de Futebol, oito
anos antes, na Suécia em 1958.
No ano seguinte Zenaide apareceu “embuxada”. Com fardas cada fez mais folgadas, tentou esconder a barriga, até não
poder mais. Ao
parabenizá-la, entre lágrimas, me respondeu que depois da aula procurou o
professor de Matemática, sua matéria preferida, para tirar dúvidas sobre logaritmos. Encontrou-o chorando, pois
tinha brigado com a esposa e estava separado. Disse-me que ele resolveu suas dúvidas logarítmicas, e ela, muito
solícita, resolveu consolá-lo em seus problemas matrimonias... Resultado: Professor Egídio, tirou-lhe as dúvidas, lhe deu um filho e
voltou para a mulher!
Anos depois a encontrei no ambulatório de Cardiologia, pois fora levar a
mãe, agora Hipertensa, e apresentou-me seu filho, que só conhecia “por fora”.O
filho de Zenaide, então com 15 anos, se parece muito com a mãe. Alto,
aloirado, um belo rapaz.
O “mau passo” de Zenaide,
com o tempo, revelou ter sido um “ótimo e bom passo”.
Salvador, 29 de Maio de 2012.
Sávio Drummond.
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