No “fundo” todos nós somos atores.
Estamos
sempre interpretando um papel, procurando mostrar para os outros, aquele
indivíduo que gostaríamos de ser.
Só
tiramos “a máscara”, quando estamos a sós, ou quando vamos dormir.
A sinceridade, como
diz o ditado popular, só existe nas crianças, no vinho e na fidelidade.
Quem não quer ser mais alto, mais bonito, mais inteligente?
O carnavalesco paraense Joãozinho
Trinta já dizia; “Pobreza é coisa de intelectual, e acrescentaram; “Beleza
interior, só é bom mesmo para decorador...
Também Vinícius de Morais; “ As
feias que me desculpem, mas beleza é fundamental”.
Graças à busca do “Tipo Ideal”, mais magro, mais jovem, mais bonito, é
que os Cosmetólogos, as Clínicas de Estética e Rejuvenescimento, as dietas
milagrosas e Cirurgiões Plásticos implantando cabelos, e silicone nos seios,
fazem tanto sucesso.
Todos nós queremos enganar o tempo...
Nada contra, eu também gostaria
de ter 1,90, olhos verdes, cabelos longos e lisos e ser “saradão”.
Você já reparou como as academias de ginásticas, ficam repletas antes do
verão? Quem não quer exibir um belo corpo em sungas e biquines nas praias?
E
principalmente viver bem mais que a expectativa de vida atual, nas sociedades
com os problemas básicos de alimentação e esgotamento sanitário resolvidos.
Mas infelizmente ainda se morre de diarreia e de doenças ligadas a fome
e a miséria!
No fundo da mente todos nós temos um
ser mágico.
Para
mim a atriz, misteriosa, sedutora, personagem vestida de sonhos, a povoar minha
mente e a roubar-me o sono, nos momentos de solidão, e enquanto o espero
chegar.
Em busca de material para este
conto, fui a Internet e deparei-me com a música Beatriz de Chico Buarque e Edu
Lobo, gravada pelo Milton Nascimento.
Confesso que fiquei com
ciúmes, pois gostaria de ter feito a letra, pois é exatamente o que penso a
respeito da Atriz.
BEATRIZ
Olha,
Será
que ela é moça,
Será
que ela é triste,
Será
que é o contrário,
Será que é
pintura, O
rosto da Atriz?
Se
ela dança no sétimo céu,
Se ela acredita que
é outro país,
E
se ela só decora o seu papel,
E se eu
pudesse entrar em sua vida...
Olha,
Será
que ela é de louça,
Será
que é de éter,
Será que é
loucura,
Será
que é cenário,
A
casa da atriz?
E
se ela mora em um arranha-céu,
E se as paredes são feitas
de giz,
E
se ela chora em um quarto de hotel,
E se eu pudesse entrar
em sua vida...
Sim,
me leva pra sempre Beatriz,
Me ensina a não andar com
os pés no chão,
Para sempre e sempre por
um triz.
Ai, diz quantos
desastres tem em minha mão,
Diz se é perigoso a gente ser
feliz...
Olha,
Será
que é uma estrela,
Será
que é mentira,
Será que é
comédia,
Será que é divina,
A vida da
Atriz?
E
se ela um dia despencar do céu,
E se os pagantes exigirem
bis,
E
se o Arcanjo tirar o chapéu,
E se
eu puder entrar na sua vida...
Salvador,
23 de Agosto de 2012.
Sávio Drummond.
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