Termo muito utilizado em Salvador, que quer
dizer distraído. Aquele que “avoa”.
Quando criança e
adolescente, tinha uma memória privilegiada.
No
Salesiano, havia um “pequeno vestibular”, para que o aluno da 5º série, também
chamado Admissão, pudesse ingressar no Ginásio. Português, Matemática, Geografia, História Geral e Ciências Naturais
eram as matérias.
Por detestar Matemática,
decorei os 250 problemas, (pois os problemas de Matemática eram os do livro
adotado no curso), que meu pai resolvera para mim.
Ao
respondê-los, sabia até em que pagina do caderno que “enchi” com eles, estava.
Anos
depois, ao ensinar meu primo para um concurso, voltei a estudá-la, e a
enxerguei com “outros olhos”. É a única ciência exata, e infalível.
“Tijolo do Universo”, graças a ela Einstein e outros gênios da Física,como Pitágoras,
Galileu Galilei, Carl Sagan, Isaac Newton e Stephen Hawking, decodificaram o
Universo e teorias, ainda não comprovadas, foram lançadas.Ela
é a “Linguagem Universal”, e no dia em que estabelecermos contato com
civilizações extraterrestres, à comunicação será feita através da Matemática,
pois 1 + 1 é igual a 2, aqui, em Alfa Centauro, Sírius ou Aldebaran.
Aliada a memória, a distração, o “avoamento”, me pregou “inúmeras peças”.
Quando adolescente, saí de casa só para colocar uma carta no Correio.
Quando lá cheguei, “cadê” a carta? Tinha-a deixado em casa!
Quando
morava em São Tomé de Paripe, ia para o trabalho em meu carro. Um Fiat 147, que
diziam que o nome Fiat, na verdade são as inicias de Fui Iludido Agora é Tarde. Era
uma empresa no Pólo Petroquímico, em Camaçari.
Certa
feita voltei no ônibus da Empresa e quando cheguei, “cadê” meu carro que
deixava debaixo do tamarineiro, em frente lá de casa? Já
estava na delegacia de Peri-Perí, para registrar “o furto”, quando descobri as
chaves no bolso. Tinha esquecido que
deixara o carro no estacionamento da Empresa.
Quando de certo curso que fiz em um hotel, ao voltar para o quarto,
“morto” de cansaço, deitei-me com a intenção de descansar um pouco antes de ir
dormir. Acordei com forte luz no rosto e dois seguranças apontando armas para
mim. Tinha entrado no quarto vizinho, que coincidentemente estava aberto, pois
não reparei o número na porta.
Data de aniversário, nem falar. Mas imperdoável mesmo é esquecer a data
de casamento... Quando foi mesmo?
Mas
o maior esquecimento foi quando levei minha esposa, no último mês de gestação
para realizar a Ultrassonografia que o médico assistente solicitou. O
resultado saiu de imediato, e já estava no hall do edifício, quando o porteiro me identificou e disse que o médico que a realizou estava me chamando
de volta. Preocupado
retornei, quando ele me tranquilizou:-
Você esqueceu a “mulé”!
“Homenageando”
meu esquecimento fiz uma poesia que em um dos versos diz:
Tenho tonturas.
Talvez
sejam da idade.
A
cabeça nas alturas, sem a identidade
Do caminho em que vago,
Vira latas da vida, que não me fez afago.
Hoje sou capaz de me perder dentro de casa, sempre fui um
“desbussolado”, e só sei se já comi ou não, se o “estomago roncar”. O
tempo é cruel...
Salvador, 24 de Julho de
2012.
Sávio Drummond.
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