Há muitos
anos, durante umas férias, saí com um colega com mochila nas costas, pedindo
carona. O objetivo era irmos onde o destino nos levasse e o dinheiro
desse.
Almoçávamos em restaurantes de “beira de estrada”, onde conhecíamos
muitos caminhoneiros, e após mostrarmos os documentos, conseguíamos carona com
facilidade.
Naquele
tempo a violência não era tão grande, e o fato de sermos universitários, deve
ter ajudado muito.
Quis a
sorte que fossemos levado para o sul. Graças a Deus, pois era verão e o calor
estava “de matar”.
Os
restaurantes de “beira de estradas” são excelentes. Tirando os “morotós “que
crescem no molho de tomate, e as pernas de baratas, ocasionalmente encontradas
no P.F.( Prato Feito), o resto é maravilhoso.
São tão gostosos quanto o tamanho de sua fome. Nesses
restaurantes é muito comum o ovo cozido colorido. Anilinas
de cores variadas são colocadas na água em que se ferve o ovo, e o “danado”
quando cozido fica com a cor do pigmento. Ovos vermelhos, amarelos, azuis, uma
delicia! Só
não aconselho o ovo verde, nem o roxo, pois parece que estão em decomposição, e nem o
pastel de carne, apelidado de “Jesus ta Chamando”. Este, seguramente está, e o
pirirí é garantido! Quantas
vezes dormimos, no saco de dormir, olhando as estrelas.
Aos 14 anos, meu pai me deu um Telescópio, e por não ter janelas de
vizinhas que morassem por perto, onde ele pudesse “pousar”, acabei apontando-o
para as estrelas. E assim acabei conhecendo um pouco sobre astronomia.
O
sono “me pegava” vendo o Cinturão de Órion (As três Marias), a nebulosa de
Órion, restos de uma estrela que explodiu (Super-Nova), as Plêiades (Cacho) na
constelação de Touro, Siriús, a estrela mais brilhante do firmamento, Alfa
Centauro a estrela mais perto de nós, depois do Sol.
Ocasionalmente
uma “estrela cadente” riscava o céu.
A
crendice popular diz que se deve fazer um pedido toda vez que você ver uma, e
que não se deve apontar para as estrelas, pois nasce verruga na ponta do dedo
”indiscreto”!
Certa
feita, qual o filósofo alemão Franz Kafka, que escreveu A Metamorfose, em que
um indivíduo num sonho se vê transformado em asquerosa barata, tive um
sonho. De carona, chegava
a uma cidadezinha, que pelo sotaque dos seus habitantes era no Rio Grande do
Sul. Chamava-se
São José e seus habitantes eram imensamente felizes e sorridentes. Na
cidade vizinha, São João, ao contrário, todos eram muito tristes e
“carrancudos”.Em São José as flores cresciam em qualquer lugar, e tudo era florido e
verdejante.Em São João chovia todo dia e até raios caiam. No verão, o calor e a
seca meteriam inveja a qualquer cidade nordestina do alto sertão.Ou
era enchente ou a seca não deixava que nascesse uma flor sequer, ou matava as
que nasceram no temporal passado.
Essa diferença devia-se ao ânimo de seus
habitantes.Em
São José todos eram otimistas e a alegria “estava no ar”.
Em são João todos eram pessimistas. Só viam os defeitos e a “feiúra” das
coisas e das pessoas. Resultado; Os habitantes de São José viviam quase o dobro
dos habitantes de São João.
Conversei com um psiquiatra amigo meu, contei sobre o sonho, e ele
resolveu fazer um teste, sobre a influência do ânimo das pessoas.
Dr. Ribeirinho, aproveitando as férias de um colega que atendia em
consultório defronte ao seu, pegou três plantas e colocou no seu consultório, e
nele passou a atender pacientes em Mania.
Mania
é a fase da
antiga psicose Maníaco Depressiva, hoje chamado Distúrbio Bipolar, em que o
doente apresenta-se otimista, fala rápido, quase não dorme e come. Nessa fase é
comum o paciente perder peso. Na
fase de Depressão, o doente dorme muito, quase não sai da cama, chora fácil,
busca compensação na comida e aumenta de peso.
No seu consultório, onde atendia os doentes em mania pegou três mudas de
planta, todas plantadas na mesma época, passou a irrigá-las com a mesma
quantidade de água e colocar ao Sol durante o mesmo tempo.
No
consultório do colega, passou a atender apenas aos pacientes em Depressão.
Nele colocou também três plantas que recebiam água e luz, igual às
plantas do “consultório da Mania”
Assegurava-se
assim, Dr. Ribeirinho, que a única variável a influenciar no viço das plantas
era o ânimo dos doentes.Fim das férias do colega e as diferenças eram “gritantes”. As
plantas colocadas no “consultório da Mania” estavam enormes. Coloridas,
irradiavam agradável perfume.
As plantas do “consultório da Depressão”
murcharam, algumas secaram e morreram. Por isso, seja otimista. A sua atitude mental, pode
influenciar profundamente a sua vida. Seja otimista e viva mais!
Salvador, 21 de Fevereiro de 2012.
Sávio Drummond.