Em
1854, durante a Guerra da Crimeia, na qual o Reino Unido, França e Turquia
lutaram contra a Rússia, a Enfermeira Florence Nightingale, objetivando dar
assistência aos feridos, criou a 1ª sala destinada à esta finalidade.
Com a 1ª (1914-1918), e a
2ª (1936-1945) Guerras Mundiais, as salas de suporte à vida, equiparam-se com a
descoberta de novas medicações e novos equipamentos.
Incrível,
mas a tecnologia médica evolui muito mais em períodos de conflitos.
A
ultra-sonografia, só foi entregue à Comunidade Científica, 10 anos após sua
descoberta, pois era “Segredo Militar”, utilizada na identificação e
comunicação dos satélites espaciais, pois a URSS não “podia saber". Com Monitores
Cardíacos, que vigiam a frequência e o ritmo cardíaco, disparando alarmes
sonoros, conforme alterações da frequência e ritmo do coração, Oxímetros
Digitais que informam “24 horas por dia”, a quantidade de O2, no
sangue do paciente, sondas que medem a pressão dentro dos vasos e coração, aparelhos
que fazem a medida de O2, CO2 e eletrólitos, permitindo suas correções, medida da Pressão Venosa Central (P.V.C.),
indispensável para o tratamento da Síndrome do Choque, muitos doentes
conseguiram “enganar” a morte e viver por mais tempo.
Muitos
corações, devido ao uso de Marcas-Passos, continuam a bater em tórax de
indivíduos mortos. Substâncias
que, se injetadas em tempo hábil em Coronárias no Infarto Agudo do Miocárdio, Carótidas nos
Acidentes Vasculares Cerebrais (A.V.Cs. / Derrames), Artérias Pulmonares nos
Tromboembolismos Pulmonares, Artérias Mesentéricas em Infartos Intestinais,desfazem coágulos, e muitos indivíduos seguramente sobrevivem, em
situações limites, que antigamente os matariam.
A assistência intensiva a pacientes nestas salas
internados, deu origem a novas especializações como o Médico Intensivista, a
Enfermeira Intensivista e o Fisioterapeuta
Geral e Respiratório, para evitar lesões de Traqueia e em doentes
entubados e Escaras de Decúbito e Pneumonia de Decúbito naqueles acamados por
muito tempo.Que ironia, e ainda se morre de Apendicite, Diarreia, Desidratação,
Tuberculose, de parto e todas as doenças relacionadas à miséria.
Até
a Bíblica Lepra, está voltando com “toda força”, na Amazônia.
Na U.T.I. do H.G.V. (Hospital
Getúlio Vargas), o Pronto Socorro, quando estudante, vivi situações que
gostaria de esquecer.
Um professor nosso, Anestesiologista, era chefe da U.T.I.
Embora
nunca tivesse sido interno desta Unidade, costumava visitá-la com frequência,
não só para aprender alguma coisa, como acompanhando os doentes que atendia na
Emergência, e a ela os encaminhava.
Certa
feita, levei um doente em Coma, vítima de acidente automobilístico.
Após minucioso
exame, o Mestre reconheceu que o doente precisava de U.T.I. e assistência respiratória, pois o tínhamos
entubado na sala de Emergência, e a ventilação pulmonar, mantida
manualmente.
Após
perguntar ao residente (estava atendendo juntamente conosco na sala
de Emergência), quem não “tinha mais jeito”, e que estava ocupando um
respirador,examinou o
prontuário e minuciosamente o doente, e quando os reflexos mais profundos, como
o Corneal já não mais existiam, fazia
aquilo que todos nós queríamos fazer, mas que não tínhamos coragem: Desligava o Respirador!
Depois, após breve silêncio, quando parecia que rezava, mandava subir
mais dois, pois iria desligar mais dois outros aparelhos, pois dois moribundos,
estavam ocupando respiradores que poderiam salvar outros infelizes que tinham
chance de viver.
Graças
a maus políticos e más políticas, o Mestre se investia de Deus, decidindo quem
viveria e morreria.
Será que a situação mudou? Salvador, 01 de Maio de 2012
Sávio Drummond.
Nota: O conto escrito em 2012, refere a situações ocorridas na década de 1970.
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